Um livro com a história do resgate dos corpos das 154 vítimas de um dos piores acidentes aéreos da história do Brasil acaba de ser lançado em Pouso Alegre (MG). Um dos comandantes da operação de busca, o hoje brigadeiro da reserva da Força Aérea Brasileira Jorge Kersul Filho é da cidade e ele relembra nas páginas de "Ninguém ficou para trás" os 54 dias que sucederam a queda de um avião da Gol após ser atingido por um jato Legacy em setembro de 2006.
"Eu era um dos coordenadores das equipes de resgate dos corpos e depois fui chefe do Cenipa [Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes] por três anos, acompanhando as investigações sobre a causa desse acidente. Foi uma operação bastante difícil e que exigiu muito de todos", garante o militar.
Voo da Gol caiu na divisa entre Pará e Mato Grosso após bater em jato em setembro de 2006 (Foto: Reprodução EPTV) |
Há 10 anos, no dia 29 de setembro o voo 1907 encerrava tragicamente, na região de Peixoto de Azevedo, a 692 km ao Norte de Cuiabá (MT), uma viagem que havia começado em Manaus (AM) e previa uma escala em Brasília (DF) antes de chegar ao destino final, no Rio de Janeiro (RJ). O percurso do boeing foi interrompido pelo choque com o jato Legacy, que seguia para os Estados Unidos. No jato, os sete ocupantes conseguiram chegar ao solo em segurança. Na aeronave brasileira, tripulação e passageiros não tiveram a mesma sorte.
Jorge Kersul Filho,Brigadeira da reserva da Aeronáutica.Foto: Reprodução EPTV. |
Quase dois meses de buscas
"Foram 54 dias de operação para encontrar os corpos. Nós nos reuníamos com as famílias, as equipes, no meio da mata enfrentavam muitas dificuldades, mas não desistimos até encontrar todos. Porque, se não encontrássemos todos, as famílias ficariam na dependência de, depois de um tempo, a vítima poder ser considerada morta. É uma dor de cabeça enorme para quem fica", relata Jorge Kersul Filho.
"Foram 54 dias de operação para encontrar os corpos. Nós nos reuníamos com as famílias, as equipes, no meio da mata enfrentavam muitas dificuldades, mas não desistimos até encontrar todos. Porque, se não encontrássemos todos, as famílias ficariam na dependência de, depois de um tempo, a vítima poder ser considerada morta. É uma dor de cabeça enorme para quem fica", relata Jorge Kersul Filho.
Embora seja um dos principais colaboradores do livro que destaca o período de resgate- só foi encerrado em 21 de novembro com a localização do último corpo-, o pouso-alegrense não é o único a narrar suas lembranças do episódio. A jornalista Maria Tereza Kersul, irmã de Jorge e autora de "Ninguém ficou para trás", ouviu dezenas de outros profissionais que atuaram no resgate.
"A importância desse livro é reconhecer o trabalho bem feito das mais de 800 pessoas, das mais variadas organizações, que lá estiveram para fazer isso. É um reconhecimento do trabalho dessas equipes", afirma Maria Tereza.
Livro narra resgate de vítimas de voo da Gol 10 anos após um dos piores acidentes aéreos do Brasil (Foto: Reprodução EPTV) |
Desafios
Em forma de diário, o livro narra cada desafio, cada conquista na busca pelas vítimas. De dificuldades no acesso aos escombros do avião em meio a uma mata fechada a situações aparentemente inusitadas, como um ataque de abelhas.
Em forma de diário, o livro narra cada desafio, cada conquista na busca pelas vítimas. De dificuldades no acesso aos escombros do avião em meio a uma mata fechada a situações aparentemente inusitadas, como um ataque de abelhas.
"As abelhas foram um grande problema das equipes. Um dos oficiais teve um choque anafilático, porque não sabia que era alérgico e foi picado", relata Maria Tereza.
"Você não pensa que uma situação dessas possa acontecer", recorda o pouso-alegrense. "No final, a principal recordação que ficou foi a união e o profissionalismo de todos. Depois do acidente, o controle do tráfego aéreo melhorou, as nossas deficiências com material aeronáutico foram atendidas, mas a união das pessoas nesse resgate é minha principal lembrança", afirma o militar.
Fonte: G1 Sul de Minas
Da: Redação Pouso Alegre em Ação-@2016-William Antonele-Jornalista-MTB-19757/MG
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Da Redação de Jornalismo :Jornalista William Antonele.
E-mail: contato.paemacao@gmail.com